8.7.10

Proposta 2 - Alberto Caeiro

Alberto Caeiro é o heterónimo do não-pensamento, nisso assemelhando-se muito ao ortónimo. Nega a metafísica e restringe a sua vivência ao uso exaustivo dos seus 5 sentidos, enquanto deambula pela natureza.
Tristes das almas humanas, que põem tudo em ordem,
Que traçam linhas de coisa a coisa,
Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais,
E desenham paralelos de latitude e longitude
Sobre a própria terra inocente e mais verde e florida do que isso!

Nos versos que me foram dados, a essência está numa profunda crítica ao ser humano, exactamente por pensar demais. Alberto Caeiro mostra o seu desprezo pela excessiva racionalização da sociedade, maníaca pela organização e pela estruturação; daí que fale em “ordem”, em “linhas” e “paralelos de latitude e longitude”.
Ora, nesta composição, quis representar esse mesmo sentido crítico do heterónimo, fazendo uma oposição entre aquilo que ele defende e aquilo que ele critica.
Sendo então um adepto da disposição natural das coisas, sem racionalizar ou intelectualizar, construí o seu nome a partir da desorganização das letras, ainda que com uma forma lógica, e bem legível. O tipo de letra aqui utilizado foi o Verdana, em negrito. Ao seu nome, mas desta vez em Arial, associei o ponto de exclamação do último verso, de forma a acentuar o seu espírito crítico tão presente nestas palavras.
Por outro lado, a organização e linearidade tão criticadas por Caeiro estão presentes na disposição do texto da minha autoria acerca do poeta, intercalado pela horizontalidade dos versos. No texto, optei por um tipo de letra mais conservador e “antiquado” – Perpetua -, associando-o a um heterónimo muito pouco dado aos modernismos da sociedade; para os versos, de forma a destacá-los, reservei o Arial Rounded MT Bold.
A não utilização da cor num heterónimo tão ligado à natureza e à sua diversidade pode ser colocada. No entanto, já que decidi apostar num trabalho tipográfico mais ligado à forma e à disposição espacial, achei que a utilização de cores constituiria algum tipo de “ruído” na comunicação visual.

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