8.7.10

Proposta 4 - Concluindo,

Durante a criação de uma infografia, o designer não pode alhear-se da noção de que é responsável pela codificação da mensagem, dependendo dele a sua leitura e interpretação. Ao codificar, tem de ter em atenção a cultura, os valores, os hábitos, os conhecimentos do público-alvo, pois de nada vale explicar-lhes a realidade na perspectiva de uma outra realidade que não a sua. Portanto, para além de atraentes, apelativos e interessantes, os signos de uma infografia devem ser sempre norteados pelo repertório dos leitores.
O impacto causado por uma infografia no seio de um jornal ou revista é determinante. É ele que atrai os leitores. A infografia é realmente um achado, economizando o tempo do leitor, facilitando a compreensão e potenciando o prazer de leitura.
A introdução da infografia na Imprensa foi demorada, mas acabou por se impor da forma mais sólida, sabendo-se que 80% dos leitores apercebem-se primeiro da imagem infográfica em detrimento do texto, quando abrem um jornal ou uma revista.
O jornalista de hoje e ainda mais o do futuro precisa de enriquecer a sua informação nos aspectos mais informáticos, tecnológicos e infográficos, de forma a ganhar uma grande habilidade no manejamento das ferramentas de design, para dar a informação não só na forma de texto, como principalmente na forma de ilustração, infografia. Os conhecimentos nesta área sobrepuseram-se aos de história, política, relações internacionais…
Não há dúvidas que o novo jornalista é o jornalista infográfico.

Proposta 4 - Resultado Final


Numa perspectiva geral, podemos dizer que a infografia trata da exploração visual da informação, representando-a. Notícias e factos são explicados através de uma montagem de ilustrações, títulos, textos curtos, legendas, sinais e pictogramas, que sintetizam os diferentes momentos, lugares, ou acções determinantes nesses factos ou notícias.

No meu projecto, a escolha do tema foi um terrível impasse. Desde logo, achei mais interessante retratar algo que tivesse sido realmente notícia, mas que rondasse o espectro de estudos estatísticos. Depois de algumas experiências gráficas, e de estar quase decidida a criar os aspectos visuais para o estudo da Gallup intitulado “Os países mais felizes do mundo” (taxa de felicidade), lembrei-me de um tema que já servido de peça central a um outro trabalho de uma outra disciplina: A taxa de prevalência da obesidade em Portugal.
Este foi um estudo realizado pela Eurotrials e noticiado pelo Jornal de Notícias recentemente, que decidi cruzar com outros dados mais genéricos.
Com informação fundamentalmente numérica relativa a regiões do País e ao sexo feminino e masculino, desde logo esbocei esta infografia com base num mapa de Portugal e na simplificação da figura humana, representando ambos os sexos com as formas geométricas do círculo e do triângulo, usando as cores que já socialmente os definem. A partir da organização espacial, tudo foi mais fácil:

- o título da notícia e o lead estariam no topo, de maneira a, sem distrair a atenção da imagem, informarem da forma mais imediata e esclarecedora o leitor acerca do tema tratado;

- indo de encontro ao tema, obviamente que o mapa de Portugal tinha de ficar com um lugar de destaque, tornando-se o grande foco de atenção da infografia; para realçar a informação a reter, dotei as regiões de diferentes tons, todos eles derivados do preto e branco, muito sóbrios, para realçar a informação relativa à taxa de prevalência da obesidade, representada pelos círculos de densidade e pela percentagem numérica;

- a legenda e informação mais genérica acabaram por ficar na secção esquerda da infografia, surgindo quase como um complemento à informação primordial presente no mapa;

A infografia em si apresenta ao designer 3 objectivos:

· Simplificação – para que a informação seja facilmente interpretada, é necessário que esteja representada da forma mais simples e clara possível. Contudo, há que tomar cuidados para não exagerar na simplificação, pois representações demasiado simples podem tornar-se ambíguas e ter várias interpretações. Com uma infografia baseada fundamentalmente em desenho vectorial, com caixas de informação e figuras geométricas impregnadas de valor semântico, pretendi usar este objectivo ao máximo. A antropomorfização do círculo e do triângulo talvez seja o melhor exemplo nesta inforgrafia;
· Redundância – esta é a maneira encontrada para fixar o significado da mensagem, ou seja, o designer repete a informação, de modo a que o ruído seja o menor possível. Na minha infografia, a redundância verifica-se principalmente ao nível da utilização do rosa e do azul para representar tudo o que se refere ao sexo feminino e ao sexo masculino, respectivamente;
· Organização – a organização de todos os elementos transforma a infografia num elemento visual único, coerente, em que a informação se apresenta de forma completa. Se os dados visuais estiverem claramente estruturados, serão mais fáceis de absorver, reter e utilizar. Esta também foi uma das minhas maiores preocupações na elaboração da minha infografia: como já tinha referido, visto ser detentor da informação principal, o mapa de Portugal foi colocado num lugar de destaque em termos semióticos (direita), mas também em termos de dimensão. A informação complementar surge no lado esquerdo mais abaixo, e o título e lead, como pontos de partida, foram colocados estrategicamente na parte de cima da infografia;

É importante referir ainda a importância do contraste como uma das ferramentas que traz melhores resultados para uma infografia. O contraste é óptimo para atrair a atenção do observador, auxiliando-no na interpretação e descodificação da mensagem, através do exagero de alguns elementos. O seu efeito é muito bem conseguido quando, por exemplos, queremos fazer com que um elemento pareça muito grande: basta por outro mais pequeno nas suas proximidades. No meu trabalho, o antagonismo dos tamanhos dá-se fundamentalmente entre o mapa e as figuras humanas, mas o contraste é essencialmente conseguido a partir do confronto entre o preto e o branco, e entre os seus tons e o rosa/azul das figuras humanas.

Proposta 4 - Como surgiu a Infografia

As raízes da infografia estarão ainda na pré-história, começando por mapas: os primeiros terão sido criados milénios antes da escrita; os mais antigos conhecidos foram encontrados em paredes de uma cidade ancestral da Turquia.
A partir daqui, existem alguns exemplos de destaque na evolução da criação infográfica, englobando temas científicos, tecnológicos, económicos, históricos e de organização espacial. Leonardo Da Vinci, nos seus estudos e experimentações científicas, fazia uso de um dos seus maiores dotes e registava através de desenhos muito detalhados; são consideradas infografias de grande complexidade os seus desenhos acerca de um estudo de embriões, desenvolvido entre 1510 e 1513. Em 1626, Christoph Scheiner publicou Rose Ursina sive Sol, uma pesquisa astronómica sobre o sol, repleta de gráficos informativos. William Playfair foi o primeiro autor de gráficos estatísticos, publicados num livro lançado em 1786 – The Commercial and Political Atlas, acerca da economia inglesa no século XVIII. No ano de 1861, Charles Minard criou um óptimo exemplo infográfico, condensando uma grande quantidade de informação, acerca da Marcha de Napoleão Bonaparte sobre Moscovo. Em 1931, nasceu um dos mais importantes exemplos infográficos da História, da autoria de Harry Beck; o designer gráfico projectou o mapa do metro de Londres, orientando os londrinos quanto à ordem das estações.


Mapa do metro de Londres, por Harry Beck



Dondis, na sua obra A Sintaxe da Linguagem Visual, vem-nos explicar que, com o surgimento da fotografia, a linguagem do século XX se deslocou para o meio visual. Em tempos anteriores, os elementos visuais vinham sempre em segundo plano, pois o elemento principal para a interpretação era a própria palavra. Contudo, com o processo de modernização, o meio visual passou a dominar, e ao texto foi praticamente designada a função de acréscimo, complemento.

No que toca ao design editorial, foi só na década de 80, com os avanços nos softwares de edição, que os jornais e revistas desenvolveram novos recursos visuais. Até aí, a construção da notícia pelo jornalista e sua organização visual na grade de diagramas eram feitas de maneiras distintas.

A partir dos finais do século XX, a componente das imagens nas publicações impressas tomou uma grande importância, e a interacção texto-imagem passou a ser uma realidade necessária e irrefutável. Já estava provado que os leitores não procuram meramente a informação, mas analisam também a forma como ela lhes é apresentada. E foi aqui que se deu o salto da Infografia: esta já não era um mero objecto de explicação geográfica ou científica, mas um importante instrumento noticioso.

Infografia - A Inspiração







Proposta 4 - A Infografia

Para terminar, vem a Proposta 4, que tem como tema 'A ilustração infográfica'. Este projecto apresenta três objectivos principais, já pré-definidos pela docente:
01. Compreender o conceito de imagem enquanto elemento e linguagem de comunicação visual; 02. Estudar a infografia como uma modalidade de imagem do género informativo;
03. Explorar a infografia enquanto linguagem informativa, desenvolver a capacidade de visualização do pensamento e comunicação visual de informação;

Proposta 3 - Resultado Final


A capa original de 1979 vai de encontro à história retratada pelas músicas do álbum, centrado na vida de um anti-herói, oprimido pela sociedade. Com a adaptação da cor, toda a sobriedade e seriedade trazida pelo preto e branco é substituída pela infantilidade e emoção da conjugação de múltiplas cores e tonalidades.



Com esta alteração de cores, o objectivo foi representar um tipo de mulher totalmente diferente do original. O fundo passou a preto, de forma a criar um ambiente mais imponente, intimidativo; o tom vermelho dos lábios e do acessório da modelo passaram a associá-la a uma ideia de força, liderança, garra e paixão. Assim, criei uma mulher forte, arrebatadora, imponente e ousada, que pode representar o estereótipo da mulher moderna, sem nunca perder a feminilidade.



Quando olhamos para o anúncio original, pelas formas femininas e pelos tons de rosa utilizados, é-nos quase imediata a percepção de uma publicidade destinada ao sexo feminino. No entanto, quando alteramos estes tons para o azul, associando-os às formas femininas, e não lemos o texto apresentado, podemos ser levados a pensar que o anúncio publicitário se destina precisamente ao público-alvo inverso: o sexo masculino.

Proposta 3 - A Cor

Desta vez, foi-nos proposto fazer um trabalho relacionado com um dos elementos da comunicação visual: a cor. Esta terceira proposta consistia em alterar a cor de imagens à nossa escolha, de forma a que o seu significado fosse alterado.
Para isto, decidi que seria importante escolher uma imagem conhecida e duas publicitárias, para que a alteração de cores tivesse impacto ao nível do valor semântico, quem a visionasse. Assim, escolhi a capa do álbum ‘The Wall’ dos Pink Floyd, um anúncio da Lâncome e outro da Nike.


A cor é um dos elementos visuais mais importantes. Esta transmite-nos várias informações e tem como principal qualidade a função de nos fazer distinguir. Entender, simbolizar e identificar as coisas.
O processo de percepção da cor foi descoberto por Newton, em 1666. Ao fazer passar um raio de luz branca através de um prisma triangular transparente, conseguiu visualizar um conjunto de cores. Estas mesmas cores, as cores do espectro, são as mesmas que visualizamos quando olhamos para o arco-íris. Este processo de separação da luz branca tem o nome de refracção da luz. Isto não é mais do que um desvio de cores, com diversos graus de inclinação.
Para falarmos na cor, temos que falar nas suas características e nos seus efeitos.

A percepção que temos da cor é-nos proporcionada pela visão. O olho humano fornece ao cérebro informação para que este reconstitua as cores e tons. Apesar de ser descrito como tendo a função de uma máquina fotográfica e se dizer que as suas características se assemelham, uma máquina fotográfica apenas converte objectos em imagens. Por sua vez, a visão não consiste só em ver, mas também envolve todo um conhecimento prévio do objecto visualizado, com a ajuda dos outros sentidos: tacto, paladar, olfacto e audição.
Aliada à visão, há ainda a existência de luz – luz branca, o sol, por exemplo -, porque sem luz é impossível distinguirmos cor. Esta é formada por pequeníssimas ondas invisíveis e cada onda tem o seu tamanho específico (comprimento de onda). A luz é absorvida ou reflectida, quando incide sobre algo. A parte reflectida é aquela que determina a cor dos objectos.
A luz do Sol, que é a luz de referência para a nossa visão surge das reacções nucleares que acontecem no mesmo. A luz é a parte do espectro capaz de ser registada pela nossa visão.
Para uma melhor noção das funções da cor e para que se possa optimizar a sua utilização, é necessário conhecer as suas características. A cor tem três qualidades essenciais: matiz ou cor, valor ou tom e saturação.

O matiz ou cor é o que distingue uma cor (passe a redundância) da outra. É o nome genérico da cor, basicamente. Um matiz tem imensas variações da sua cor pura.
O valor ou tom é um dos melhores instrumentos, para expressar a dimensionalidade, porque a linha não é capaz de criar sozinha, uma ilusão convincente da realidade.
Este tem inúmeras variações da sua cor pura, entre o claro e o escuro.

A saturação pode ser entendida como a variação da cor de acordo com a luminosidade. Duas cores podem ser da mesma linhas, mas ter diferentes intensidades. A variação que existe realiza-se entre uma intensidade alta e uma intensidade baixa – ou claridade e cinzentismo. Para além disso, uma cor misturada é menos brilhante e intensa, do que uma cor pura – também tem a ver com a saturação.

Podemos ainda referir a temperatura da cor. O vermelho é uma cor quente, o azul é uma cor fria, para exemplificar.

Na utilização da cor, há ainda a necessidade de ter em atenção certas características da cor que podem ajudar-nos a melhor um trabalho. São elas, o contraste – pondo uma frase numa cor, sobre dois fundos diferentes, podemos perceber que há fundos que ajudam a frase a destacar-se e outros que fazem com que esta seja mais amenizada; há cores que dão a sensação de avançarem em direcção a nós e outras que dão a sensação de recuarem e o peso – há cores que transmitem a ideia de serem pesadas e outras de serem leves: azuis e verdes dão a ideia de leveza e os vermelhos, como parecem mais fortes, dão a ideia de peso.

A cor tem, ainda, uma característica muito importante: a psicologia da cor. As cores transmitem certos significados e, mesmo quando não nos apercebemos, fazemos uso deste sistema, por assim dizer. No dia mau, é usual que uma pessoa use roupas mais escuras, bem como no Inverno. Num dia em que acordamos alegres ou num dia de Primavera e Verão, as cores que usamos são sempre mais claras, mais animadas.
Assim, cada cor tem alguns significados que a cultura ocidental lhes confere. Há mesmo especialistas que dizem que as cores podem provocar lembranças e sensações.

Cinzento: elegância, humildade, respeito, reverência, subtileza;
Vermelho: paixão, força, energia, amor, liderança, masculinidade, alegria (na China), perigo, fogo, raiva, revolução;
Azul: harmonia, confidência, conservadorismo, austeridade, monotonia, dependência, tecnologia, liberdade, saúde;
Ciano: tranquilidade, paz, sossego, limpeza, frescura;
Verde: natureza, primavera, fertilidade, juventude, desenvolvimento, riqueza, dinheiro (nos Estados Unidos, em parte devido à cor das notas do próprio país), boa sorte, ciúme, ganância, esperança;
Amarelo: velocidade, concentração, optimismo, alegria, felicidade, idealismo, riqueza (ouro), fraqueza, dinheiro;
Vermelho: luxúria, sofisticação, sensualidade, feminilidade, desejo;
Violeta: espiritualidade, criatividade, realeza, sabedoria, resplandecência, dor;
Cor-de-laranja: energia, criatividade, equilíbrio, entusiasmo;
Branco: pureza, inocência, reverência, paz, simplicidade, esterilidade, rendição;
Preto: poder, modernidade, sofisticação, formalidade, morte, medo, anonimato, raiva, mistério, azar;
Castanho: sólido, seguro, calmo, natureza, rústico, estabilidade, estagnação, peso, aspereza;
Cor-de-rosa: feminilidade, amor, atrevimento e sensualidade femininos;